sábado, 26 de julho de 2014
Aguadeiro
Quando chove na serra as plantas parecem entrar em estado de latência vegetal, é como se tirassem o dia em contemplação meditativa e neste ar úmido, das brumas beijando suas copas, se nutrissem da vitalidade do ciclo da terra.
Uma hora líquida, outra vaporizada, a água flui, abaixando o pó da estrada, formando poças ou enredando os caminhos, chegando nos rios, mergulhando no mar...
Quando precipitada parece brincar de tambor com a superfície, faz música no telhado, rola de folha em folha, dissolve-se no chão...
chove
chuvisca
chuvão
tem hora que o céu chamusca de pingo.
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Cantiga fiandeira
Tecelã nas ruas de Cusco, no Peru
Passam por linhas fiandeiras
As histórias das vidas
São um sobe e desce
São desenhos, são colores
Lá estão os amores
E também as dores
Nas gerações, no tempo
Andando nas formas
Fazendo caminhos
Mesclando tesouros
A tecelã antiga
Sua interminável colcha
Senhora dos tempos
Irmã livre do agouro
Fia, fiandeira
Ensinando as meninas
A estarem unidas
Ao fio da vida
terça-feira, 8 de julho de 2014
Luz Dourada
Meiga e cálida
paisagem
que os bois viram-se a
contemplar
com seus corpos pesados
deitados na pastagem
e feitos de capim
iluminando a curva do
sol
o contorno das
montanhas
e as brincadeiras de
pássaros como um abraço
no rasante, no cântico
e nas asas
a emoção
contida num dia nascendo
numa explosão de
sementes
a garantir de novo a
vida
tingindo como aquarela
do espectro e da luz
d'um instante, estar
presente
no silêncio
dos ciclos, nos tempos
seus ritmos e nada mais.
no silêncio
dos ciclos, nos tempos
seus ritmos e nada mais.
Foto: Nat Mancini, em Sítio Matutu.
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