segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Oleiro





As mãos que modelam o barro
Metade pensamento
Metade se forma
Talvez apenas um boneco de Vitalino
Talvez só o menino.




segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Carinho de sol








Foto: Andrea Le Leuxhe




Serenamente em descanso na curva do sol, 
aguardo sim sua passagem radiante 
mesmo que por meio tom à frente de minhas pálpebras, 
aguardo como quem devora alguns orvalhos 
nas primeiras vozes do dia 
abraçando como uma madona o seu filho 
o verde suspiro no gorjeio de sóis 
da lírica dos passarinhos. 
















Com Túlio Rangel.





Polaris

Os poemas são como  os olhos d'água
que simplesmente da terra nascem
chegando como chuva sorrateira
silenciosos clarões nos céus do imaginável

constante relação do céu com a terra
organicamente: diálogos
daquela parte que da terra se desprendeu
como biológico passo
de um sistema binário

apropriado em análise e subjeção
num ocidente ainda sem orientação
outra parte que és: mera ilusão!









sábado, 14 de dezembro de 2013

Na natureza











O ser natural infinita a vida
Que importa ao homem particípio existencial?
Defronte a mim a paisagem
admirável quem se contenta em dissecar, classificar
Em detrimento as disparidades dos arquétipos
Pois como um todo, componente
Na cadência orquestrada
Que a chuva comporia na abundância dessas matas?
Na vastidão deste território
Na dialética polaris
Tanto a chuva quanto o sol
Conta-se história
Na natureza que persiste
Tudo ainda tendencia
No limiar da existência
Do homem e daquilo que lhe valia.

Foto: Dudu Tresca


Vale das brumas



Pudera me dotar de poderes
E magias de precipitação
Como faziam os místicos
Enclausurados em nossos livros
Empoeirados na estante e esquecidos

Virias como vem chegando a chuva
Virias em partes
Na nostalgia dos sentimentos
Na memória ainda não vivida
Neste presente vazio
E preenchido de silêncio

Da casa vazia
Das gotas saciando o solo
Das diminutas plantas crescendo
Silenciosas no jardim
Desnecessitadas do verbo
Na ação de viver.


Foto: Luiz Midéia



Montes altos do coração



Subirei ao monte mais elevado
Até onde meus olhos fiquem plenos de horizontes
Para gritar teu nome
E silenciar meu coração
Do eco a reverberar o vale
Nada a escutar
Senão minha busca
Eterno encontro
Nos limiares da solidão







Súplica ao fogo




ó fogo
sagrado fogo
rápido consome
falando suas chamas
brilhante, cintilante
ó fogo
exaurindo a matéria ao pó
retirando dela a forma
transmutando, transformando, criando
ó fogo
ardendo em chamas
estalando a madeira
mudando de som
mais calmo
mais calmo
permanecendo em brasas
horas e horas seu calor
assim nunca encerrará
aquele que te guarda
retornando a alimentar
sendo sempre o mesmo
do espírito tu não podes apagar.

Terra mia



Montanhas de minha terra
Faz crescer em mim tua fortaleza
Tu que eleva nossa vista à amplidão do horizonte
abriga florestas, forma vales, fluem rios.
De muitos sons és composta
assovios de passarinhos, danças de borboletas, sonhos em concerto de grilos.
A respiração de teu verde
orvalho das manhãs, frescor das tardes
Chuva adentrando o solo, terra lavrada
broto crescendo!
Desde tua altivez e firmeza
até seu renascimento
ao ver-te, pequenininha sou eu
filha da mãe natureza.



Alucinação do ser